Novo Ensino Médio: desafios e diferenciais
As transformações propostas para o Ensino Médio a partir de 2022 causam certa polêmica, mas também expectativas de sucesso similares a dos países de primeiro mundo
Uma das etapas mais desafiadoras da formação escolar, o Ensino Médio, está passando por um processo de transformações. O “Novo Ensino Médio”, nome dado a uma série de reformas que serão implantadas nos processos de educação a partir de 2022, tem causado polêmica, mas escolas particulares ou públicas buscam construir caminhos de adaptação que garantam a qualidade do ensino/aprendizagem e que tragam consigo possibilidades de atender as expectativas de maior potencialização para esta fase escolar.
O tema gera dúvidas e muitas reflexões, principalmente entre gestores e professores. Um dos fatores que impulsionou os órgãos educacionais a fazer esta revisita no programa nacional para o Ensino Médio se relaciona aos preocupantes índices de desempenho da Escola Básica no Brasil. Os números estão estagnados, e a evasão durante o Ensino Médio é assustadora. Cerca de 2 milhões de adolescentes (entre 15 e 17 anos) abandonam as escolas. Ademais, é preciso considerar que o analfabetismo funcional apresentado por estudantes que saem desta fase escolar em direção ao mercado de trabalho ou universidade também é preocupante.
O novo programa para o Ensino Médio tem como norte a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento direcionador disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC) para a elaboração dos currículos pelas escolas. Ali se encontram referências que ajudam a definir o que o estudante deve aprender e por qual caminho isto poderá ser feito de forma mais flexível. O modelo programado para implantação no próximo ano tornará o Ensino Médio brasileiro mais próximo de experiências desenvolvidas em países de “primeiro mundo” nos últimos anos. Casos como o da Finlândia, Coréia do Sul ou EUA, são bons exemplos de observação para a construção de um modelo que se volte para uma formação mais preocupada em atender com qualidade às aptidões dos estudantes. A ideia é que os jovens recebam uma formação que converse com a realidade e o mundo em que estão inseridos.
No modelo em vigência, o Ensino Médio conta com 13 disciplinas obrigatórias, e não há qualquer possibilidade de direcionar o interesse dos alunos para determinadas áreas, ou aprofundar o estudo em campos que o estudante demonstra maior habilidade e desejo de especializar. Com o novo programa, o aluno vai poder se focar em áreas que atendem aos seus interesses e que também estarão presentes na formação superior ou profissional que ele deseja cursar.
As únicas disciplinas que obrigatoriamente o estudante deverá fazer são: Matemática, Português e Inglês. Estas matérias “base” poderão ser feitas durante os três anos, ou em apenas algum deles. Isto ficará a critério da escola e do método que ela escolher para organizar sua nova grade curricular. Todas as outras matérias não deixam de existir, mas sofrerão adaptações, sendo agrupadas em conjuntos temáticos. Desta forma, o aluno poderá escolher um programa de disciplinas bastante específico de estudo (com orientação da escola) para sua formação.
A ideia é que a nova organização de componentes do Ensino Médio responda à demandas emergentes do mercado de trabalho. Haverá a possibilidade de criar ambientes de aprendizado muito mais ricos, uma vez que se abandone a grade engessada utilizada até o momento. As novas configurações incentivam o desenvolvimento de práticas multi e interdisciplinares. Além disto, será um grande desafio e oportunidade para docentes e escolas conceder maior autonomia para os itinerários de formação, além de fortalecer práticas e inovar em métodos.
No novo formato, o protagonismo do aluno é reforçado, pois ele é convidado a construir “um projeto de vida” a partir de suas opções de estudo durante os 3 anos. Ainda que seja desafiador, as escolas poderão investir em programas voltados para o aperfeiçoamento, satisfação, enriquecimento cultural e vocacional de seus estudantes. Entregando, assim, melhores profissionais para o mercado de trabalho.
Para as escolas, o importante agora é antecipar planejamentos, organizando a construção dos novos modelos, pois assim, os alunos serão poupados de prejuízos na formação. Outro detalhe desafiante também, será a necessidade de investimentos em infraestrutura e tecnologia. É preciso treinar professores, oferecer espaços personalizados para as aulas, aperfeiçoar laboratórios e materiais didáticos que se adequem às novas exigências. Além disto, a carga horária será maior. Atualmente, a jornada escolar mínima anual é de 800 horas, mas no novo formato a escola deverá oferecer mais ou menos mil horas de estudo por ano. Este aumento da carga escolar, ocorrerá de forma progressiva, até que o período escolar atinja tempo integral.
As transformações no Ensino Médio serão profundas. Isto, com toda certeza, exigirá boa vontade para debates, esforço no aprimoramento, empenho no trabalho em equipe, abertura para discussão de diferentes métodos, por parte de todos os atores da educação: gestores, professores, alunos e pais. Com a união de todos os envolvidos, certamente estas mudanças encontrarão formas saudáveis de ser implantadas com sucesso, e os desafios serão superados com qualidade.
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