Entenda de uma vez por todas a importância da consciência negra
A data é um momento de reflexão para mudarmos a situação de desigualdade racial persistente no Brasil.
Em 20 de novembro é comemorado no Brasil o Dia da Consciência Negra. A data foi cunhada em referência à data na qual teria morrido Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes brasileiros nos movimentos de luta contra a escravidão, período que envergonha a história do nosso país, mas que não pode ser esquecido, pois infelizmente para entender o hoje é necessário compreender esse passado sangrento e genocida com os povos africanos que foram traficados para o nosso território.
E essa data serve justamente para isso. O Brasil foi o último grande país a abolir a escravidão, em 1888. Ou seja: faz apenas 132 anos que temos um país formalmente sem pessoas escravizadas. Só que aqui tivemos um processo um tanto problemático nesse ínterim. Não houve nenhuma ação de inclusão de fato dos africanos traficados para o nosso território. As elites que detinham o poder simplesmente falaram: “Ok… vocês não são mais escravos… agora, se virem!”.
Não tinham educação, não tinham terras, não tinham moradia, não tinham empregos dignos, não tinham acesso a serviços básicos e direitos, eram presos simplesmente por estar “perambulando” pelas ruas, não eram respeitados e ainda enfrentavam um país eugenista, que estava preocupado em deixar o Brasil mais “branco” (o governo patrocinou e incentivou, inclusive, imigração de europeus para aumentar o número de brancos por aqui), pois muitos “estudiosos” influentes da época não acreditavam num país promissor possuindo “tantos pretos” (há estimativa de que, nesse contexto, havia cerca de 5 milhões de negros no país). Isso quer dizer que essa população foi completamente marginalizada e deixada de lado.
As décadas passaram, o país cresceu, progrediu economicamente e hoje infelizmente observamos uma clara herança persistente desse período: as regiões mais pobres, a população mais vulnerável e com menos representatividade em posições de poder são formadas majoriatariamente por negros. Isso quer dizer que são características sociais de exclusão muito semelhantes das que se observava no Brasil imperial escravagista e pós-escravagista.
Essa é uma importante data para refletirmos no preconceito (que colabora para mantermos essa desigualdade), em ações para reparação desses problemas históricos e exaltar a cultura, raízes e contribuições de tantas pessoas que lutaram para mostrar a importância de repensar nosso país de modo mais inclusivo.
É claro que tivemos diferentes e relevantes avanços que também são celebrados, mas ainda é pouco quando consideramos que, num país onde quase 60% da sua população é negra, 75% dos extremamente pobres são pretos e 70% dos mais ricos são brancos (dados do IBGE em 2019). Uma evidente desigualdade dentre tantas que a população negra do Brasil ainda enfrenta. Essa é uma pauta que deve ser de todos, pois só assim conseguiremos construir uma sociedade mais igualitária, justa e solidária a todos.
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