Dislexia: “toda criança é especial”
Confira como identificar, tratar e criar ambientes produtivos e afirmativos para pessoas que lidam com esta condição
Você sabe o que é dislexia? De origem grega, o termo quer dizer “dificuldade com as palavras”. Se seu filho ou alguém que você conhece tem problemas na escola, saiba que pode ser o caso de ele ter dislexia. As estatísticas demonstram que 4 em cada 100 alunos podem ser portadores da dificuldade, apresentando problemas para ler e escrever por toda a vida. Pessoas com esta condição enfrentam obstáculos para identificar o alfabeto e os sons de cada letra, para organizar os caracteres em palavras e frases, confundindo também a grafia de muitos elementos da escrita, o que resulta em grande esforço na hora da leitura.
No entanto, esta não é um problema que afeta a inteligência. Albert Einstein e Leonardo da Vinci, por exemplo, foram reconhecidos como portadores de dislexia. Embora os números pareçam preocupantes, diferentes estudos revelam que este transtorno específico de aprendizagem com origem neurobiológica é uma condição pode ser superada com sucesso e a dedicação de uma frente ampla de atores: pais, educadores, amigos e o próprio disléxico. O diagnóstico, que não pode ser feito por meio de exames, mas apenas na observação do desenvolvimento da criança, assusta pais e profissionais da educação. O principal motivo para medo é a ausência de treinamentos e orientações que possam ajudar todos os envolvidos a lidarem com a situação.
É preciso ficar atento aos sintomas que aparecem nos primeiros anos de desempenho acadêmico dos estudantes, já no processo de alfabetização. Pesquisas demonstram que uma intervenção precoce é bastante efetiva e ajuda a evitar o agravamento das dificuldades. Pais e professores devem prestar atenção, primeiramente, se a criança apresenta dificuldades fonológicas não comuns à idade. E, na sequência, observar como reage às seguintes situações.
1. Tem dificuldade de aprender o alfabeto? (problemas para lembrar a ordem e som das letras?)
2. Tem dificuldade para nomear palavras simples? (não consegue lembrar palavras do dia a dia e as substitui por termos como “coisa”, “isso” ou “aquilo”).
Depois de alfabetizado
3. Tem dificuldade na leitura? (lê de forma mais lenta e com erros de fluência ou entonação?)
4. Apresenta dificuldade de escrita? (escreve com erros ortográficos ou/e com letras na ordem errada?)
5. Enfrenta dificuldades com as habilidades matemáticas? (problemas para decorar e nomear informações numéricas como a tabuada)
6. Troca os sons nas palavras? (inverte palavras como “pipoca” e “popica” ou confunde termos semelhantes como “umidade” e “humanidade”?)
7. Tem muita dificuldade para produzir textos? (escrita com velocidade abaixo da esperada para sua fase escolar?)
Se é o caso de o diagnóstico ser positivo, a recomendação é que familiares se informem e estudem sobre dislexia, assim como professores que recebem alunos com estas dificuldades em suas classes. Seja por meio de materiais de apoio, conversa com médicos e outros especialistas e, inclusive, participando de grupos de pais de crianças que apresentam a mesma condição. Tudo isto servirá para que o problema seja naturalizado, evitando assim que a criança se sinta desvalorizada, incompreendida ou desmotivada por suas dificuldades de aprendizagem, a curto ou longo prazo.
A autoestima do disléxico é um dos maiores obstáculos para a superação do problema. Geralmente, seus portadores se sentem menos inteligentes e capazes do que realmente são, e as dificuldades acadêmicas podem desmotivar o progresso dos estudos e causar evasão escolar. A dislexia não tem cura, mas é importante ressaltar que uma abordagem psicopedagógica e um acompanhamento clínico adequado podem tornar a criança capaz de desenvolver estratégias para vencer suas dificuldades de aprendizado. Buscar o apoio de psicólogos e fonoaudiólogos é essencial. Se a criança recebe esta rede de acompanhamento terá tantas possibilidades quanto qualquer outra criança de se desenvolver normalmente em cada estágio e brilhar na área em que decida atuar.
Muitas vezes as dificuldades de aprendizado são associadas, erroneamente, à preguiça, falta de estímulo ou deficiência intelectual. Mas nada disto se aplica ao caso de crianças disléxicas. Para ajudá-las é preciso entender o problema e intervir consciente e precocemente com atividades que beneficiem seu aprendizado. Em casa ou sala de aula, algumas estratégias podem ser adotadas. Já que o disléxico tem dificuldade de fazer anotações, gravar as aulas ou ensinamentos rotineiros pode ajudar na absorção. Recursos tecnológicos sempre devem ser utilizados em prol da potencialização do aprendizado. Para além disto, usar aplicativos de leitura, ou os clássicos cartões com palavras para visualizar podem ser boas maneiras de ajudar também.
Para os que se interessaram pelo assunto, ou enfrentam esta situação em suas rotinas, uma boa dica é assistir o filme “Como estrelas na terra – toda criança é especial”. A produção indiana é um trabalho de 2007, e conta a história de um garoto com dislexia que encontra em um professor dedicado e consciente as ferramentas para superar sua condição.
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